Existem certas propagandas eleitorais que são verdadeiras aulas de política e de cidadania. Outras, fazem, em forma de um discurso pragmático-desenvolvimentista, apologia tão-somente ao atraso e ao conservadorismo que só interessam às elites boçais que espoliaram o País.
O PSDB, nesta quinta-feira, criou um terceiro grupo de propagandas partidárias: as que assumem explicitamente a torcida pelo fracasso do país.
Quando uma personagem apareceu numa surreal feição de preocupação com a inflação, pensei que se tratava de um revival, uma exibição de um microfilme da década de 80, tempo em que os índices de inflação chegavam até mesmo aos incríveis três dígitos.
Só após a menção sobre 1994 feita pela atriz é que percebi que se tratava de uma chamada eleitoreira atual e qual era a intenção dos tucanos: disseminar no povo brasileiro a sensação de que corremos um risco de revivermos os horrores da hiperinflação que massacrou a capacidade de produção e o nível dos salários no Brasil por mais de uma década.
O fato é que não há, sob a ótica macroeconômica, qualquer indício de que tal fato irá ocorrer novamente. Ainda que a inflação de 2011 fique acima da meta, que gira em torno dos 6%, já vemos que a variação positiva de determinados itens que naturalmente pressiona o aumento dos preços, como a alimentação e os combustíveis, já começa a desacelerar no mês de maio. A tendência é que, pelo efeito da acumulação de altas nos últimos 12 meses, o índice de inflação deva atingir seu ápice em agosto, desacelerando paulatinamente até meados de março de 2012.
Voltando à propaganda do PSDB, se houvesse honestidade intelectual por parte dos cacíques do partido de FHC, saberiam que tal tendência efêmera de alta inflacionária, além de uma tendência mundial, é o efeito mais natural e previsível do vultoso crescimento econômico do Brasil, que gera emprego, aumento de renda, aumento de consumo e, por consequência, aumento de preços.
De qualquer sorte, o Banco Central vem tomando as medidas necessárias para que a inflação seja contida, sem comprometer o crescimento econômico do país. Mas os tucanos desejam que o país, agora protagonista no cenário econômico internacional, retorne aos tempos de Malan & Cia, no qual tínhamos de tirar o sapato da Soberania Nacional para pisar o solo norte-americano, que hoje é uma potência em franca decadência.
O que o PSDB deveria explicar, antes de sair cobrando explicações (como se não tivesse ocupado o Palácio do Planalto por tanto tempo e como se não houvesse perpetrado tantas "barbeiragens" econômicas), é por que a inflação de 2002 fechou em mais de 12%, o maior índice desde 1994, na medida em que não tínhamos, naquela época, o mesmo nível de emprego, crescimento econômico e investimento social.
Como é lastimável presenciar a agonia de um partido político em vias de extinção...
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