Causaram extrema revolta as estapafúrdias declarações públicadas pela Folha de São Paulo, no início deste ano, relativizando os malefícios e a violência perpetrados pela ditadura militar aqui instaurada em 1964. E como estupidez pouca é bobagem, o jornal paulista ainda se permitiu a audácia de criar um calhorda neologismo para representar o que o editorial da Folha quis "vender" como uma "leve" crise institucional necessária para se evitar a "ameaça comunista" : a famigerada "ditabranda". Esta afronta ficou engasgada nas gargantas daqueles que lutaram contra um regime de arbítrio e de brutalidade, que exterminava e torturava jovens idealistas que tinham em seu âmago o sonho de ver o Brasil livre de cretinos abutres que, para defender os interesses norte-americanos, venderam o país e deixaram os quartéis para tomarem criminosamente o poder, lançando o país em um profundo esgoto político durante mais de 20 anos.
Mas, deixando as esquizofrenias de Frias Filho & Cia de lado, percebo que o país novamente corre sério perigo de ser vilipendiado por mentes tão liberticidas quanto os líderes do golpe de 64, só que ainda mais cruéis: as grandes organizações evangélicas. Notem, caros amigos, que não me atrevi a me referir a tais entidades utilizando o vocábulo "Igreja", posto que, pela quantidade de dinheiro e de poder político que as mesmas ostentam, não podemos ter a visão de que essas verdadeiras "sociedades empresariais" tenham a essência de meros templos de oração.
Se tomarmos a Igreja Universal do Reino de Deus como exemplo, veremos números que deixariam o Delegado Fleury se contorcendo lá no sétimo inferno. A trupe de Bispo Macedo et caterva "arrebanhou", nos últimos 8 anos, segundo investigações criminais perpetradas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, cerca de 8 bilhões de reais. Sem contar nas empresas de lavagem de dinheiro abertas no Brasil e no exterior e na verdadeira "lavanderia-mor" que se transformou a Rede Record de Televisão, uma emissora de televisão transformada em "brinquedinho" nas mãos de um psicopata alimentado pelo fanatismo religioso e que tem como obsessão desbancar as Organizações Globo como o maior império de comunicações do Brasil.
Mas nenhum desses golpes é mais sério do que aquele em que a IURD e suas "coirmãs" estão engendrando contra o Estado Democrático de Direito. Como se não bastasse "passar a sacolinha" para recolher o dinheiro de pobres diabos que têm medo de raciocinar por si só, os "eleitos de Deus" resolveram criar até partido político, além de alastrarem (como competentes células cancerosas que são) por diversos partidos de aluguel. Só na chamada Frente Parlamentar Evangélica, criada em 2003 para, segundo os seus criadores, "legislar em prol da palavra de Deus", há cerca de 47 deputados e 3 senadores. E, lamentavelmente, a julgar pela farra da venda de horários nas emissoras de televisão para pastores, bispos e afins, esse número tende a aumentar nas próximas eleições para o Congresso Nacional, em outubro de 2010.
Os efeitos dessa "evangelização política" já são visíveis: a lei "anti-homofobia", que criminaliza atos de discriminação contra gays, bissexuais e transexuais, está se arrastando pelo Congresso há quase 10 anos. Além disso, há leis estaduais que recriam a (odiosa) obrigação de se oferecer ensino religioso nas escolas (numa clara ofensa ao princípio da liberdade de crença, que consagra, inclusive, o direito de não professar fé alguma). Isso sem contar com projetos que querem criminalizar práticas religiosas afro-brasileiras.
E os questionamentos que se fazem neste momento são os seguintes: será que vamos assistir a isso tudo com letargia e tolerância? Será que não foi o suficiente engolirmos 21 anos de desmandos, mentiras e mortes patrocinados pelos militares golpistas? Será que, depois de termos vivido os horrores de uma "ditaburra", teremos que aguentar uma "ditassanta"? Por Deus, não pode ser! Temos que encontrar um meio de denunciar toda essa canalhice cristã, antes que o apocalipse político se instaure, lançando por terra liberdades e garantias constitucionais assinadas na Constituição com o sangue de muitos que lutaram contra o regime de exceção. Mas, nossa batalha será muito mais difícil do que derrubar as mentiras e os atos realizados por Médici. Afinal, como contrariar um indivíduo que fala em nome de Deus? Que os ceús nos defendam da "ditassanta".
Por All Mon
Mas, deixando as esquizofrenias de Frias Filho & Cia de lado, percebo que o país novamente corre sério perigo de ser vilipendiado por mentes tão liberticidas quanto os líderes do golpe de 64, só que ainda mais cruéis: as grandes organizações evangélicas. Notem, caros amigos, que não me atrevi a me referir a tais entidades utilizando o vocábulo "Igreja", posto que, pela quantidade de dinheiro e de poder político que as mesmas ostentam, não podemos ter a visão de que essas verdadeiras "sociedades empresariais" tenham a essência de meros templos de oração.
Se tomarmos a Igreja Universal do Reino de Deus como exemplo, veremos números que deixariam o Delegado Fleury se contorcendo lá no sétimo inferno. A trupe de Bispo Macedo et caterva "arrebanhou", nos últimos 8 anos, segundo investigações criminais perpetradas pelo Ministério Público e pela Polícia Federal, cerca de 8 bilhões de reais. Sem contar nas empresas de lavagem de dinheiro abertas no Brasil e no exterior e na verdadeira "lavanderia-mor" que se transformou a Rede Record de Televisão, uma emissora de televisão transformada em "brinquedinho" nas mãos de um psicopata alimentado pelo fanatismo religioso e que tem como obsessão desbancar as Organizações Globo como o maior império de comunicações do Brasil.
Mas nenhum desses golpes é mais sério do que aquele em que a IURD e suas "coirmãs" estão engendrando contra o Estado Democrático de Direito. Como se não bastasse "passar a sacolinha" para recolher o dinheiro de pobres diabos que têm medo de raciocinar por si só, os "eleitos de Deus" resolveram criar até partido político, além de alastrarem (como competentes células cancerosas que são) por diversos partidos de aluguel. Só na chamada Frente Parlamentar Evangélica, criada em 2003 para, segundo os seus criadores, "legislar em prol da palavra de Deus", há cerca de 47 deputados e 3 senadores. E, lamentavelmente, a julgar pela farra da venda de horários nas emissoras de televisão para pastores, bispos e afins, esse número tende a aumentar nas próximas eleições para o Congresso Nacional, em outubro de 2010.
Os efeitos dessa "evangelização política" já são visíveis: a lei "anti-homofobia", que criminaliza atos de discriminação contra gays, bissexuais e transexuais, está se arrastando pelo Congresso há quase 10 anos. Além disso, há leis estaduais que recriam a (odiosa) obrigação de se oferecer ensino religioso nas escolas (numa clara ofensa ao princípio da liberdade de crença, que consagra, inclusive, o direito de não professar fé alguma). Isso sem contar com projetos que querem criminalizar práticas religiosas afro-brasileiras.
E os questionamentos que se fazem neste momento são os seguintes: será que vamos assistir a isso tudo com letargia e tolerância? Será que não foi o suficiente engolirmos 21 anos de desmandos, mentiras e mortes patrocinados pelos militares golpistas? Será que, depois de termos vivido os horrores de uma "ditaburra", teremos que aguentar uma "ditassanta"? Por Deus, não pode ser! Temos que encontrar um meio de denunciar toda essa canalhice cristã, antes que o apocalipse político se instaure, lançando por terra liberdades e garantias constitucionais assinadas na Constituição com o sangue de muitos que lutaram contra o regime de exceção. Mas, nossa batalha será muito mais difícil do que derrubar as mentiras e os atos realizados por Médici. Afinal, como contrariar um indivíduo que fala em nome de Deus? Que os ceús nos defendam da "ditassanta".
Por All Mon